Eu acordei, abri as
janelas e veio de imediato aquele calor da manhã, no meu rosto.
- Hoje é um dia bom
para pescar. - falei com Nina, minha cadela.
Tomei um banho,
escovei os dentes e preparei rapidamente meu café. Peguei a chave do carro e
não sei porque diabos lembrei, que hoje faz quatro meses que me separei de meu
casamento com a Júlia, que durou oito anos. Desde que acabou eu procuro uma
forma de seguir em frente.
Uma vez uma amiga me
disse, “você vai acordar e vai ter esquecido”. Eu acho impossível, mas queria
que fosse verdade, queria que isso acontecesse. Pensando bem, eu não quero me
esquecer, aprendi muito com isso. Nosso relacionamento era ótimo, tínhamos
todas aquelas brigas bestas, que os casais costumam ter. Certa vez discutimos
por causa da coleira que íamos comprar para Nina, ela queria verde eu queria
roxo, como sempre, ela ganhou, bem dizem que mulher é quem “manda”, essa é a
mais pura verdade.
Na minha velha
camionete, peguei a estrada e procurei me livrar das lembranças. Nina é incrível. Sim ela é o que se pode
chamar de uma vira-lata de raça. A encontrei em 2009, um bêbado estava batendo
nela, quando eu vi, fui na direção dos dois e acredito que ele tenha percebido
que eu pretendia bater nele. Ele correu e ela ficou no chão chorando de dor.
Foi assim que a conheci, foi assim que eu ganhei minha melhor amiga. Agora ela
está aqui, do meu lado, com a cabeça do lado de fora da janela.
Cheguei ao lago, do
outro lado da cidade. Sentei na margem, lancei a vara e enfiei o cabo da vara
de pescar, no chão. O carro estava próximo, fui pegar meu rádio e sentado, ouvi
muitas músicas. Dias como esses, calmos, nos fazem lembrar o passado.
Sempre me senti na
solidão, mas eu aprendi que na verdade tem como estar só e não se sentir
solitário. Bem, eu não estou sozinho estou com “Nina, a companheira”, mas
existem momentos na vida que a solidão gruda e não solta. Ela prevalece até
quando estamos acompanhados.
Eu não peguei peixe
nenhum, mas me diverti muito com minha Nina, sinto pena dos insetos que passam
perto dela, é minha amiga e é também uma assassina de insetos, trágico. Às duas
da tarde voltamos para casa. Assisti uma série nova e de noite quando fui
fechar ás janelas do meu quarto, pensei antes de dormir no quanto no meu dia
foi suave e no quanto essa suavidade me cai bem.
Autor: Hércules Andrade
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