terça-feira, 23 de junho de 2015

Conto de Um Dia

Eu acordei, abri as janelas e veio de imediato aquele calor da manhã, no meu rosto.

- Hoje é um dia bom para pescar. - falei com Nina, minha cadela.

Tomei um banho, escovei os dentes e preparei rapidamente meu café. Peguei a chave do carro e não sei porque diabos lembrei, que hoje faz quatro meses que me separei de meu casamento com a Júlia, que durou oito anos. Desde que acabou eu procuro uma forma de seguir em frente.

Uma vez uma amiga me disse, “você vai acordar e vai ter esquecido”. Eu acho impossível, mas queria que fosse verdade, queria que isso acontecesse. Pensando bem, eu não quero me esquecer, aprendi muito com isso. Nosso relacionamento era ótimo, tínhamos todas aquelas brigas bestas, que os casais costumam ter. Certa vez discutimos por causa da coleira que íamos comprar para Nina, ela queria verde eu queria roxo, como sempre, ela ganhou, bem dizem que mulher é quem “manda”, essa é a mais pura verdade.

Na minha velha camionete, peguei a estrada e procurei me livrar das lembranças. Nina é incrível. Sim ela é o que se pode chamar de uma vira-lata de raça. A encontrei em 2009, um bêbado estava batendo nela, quando eu vi, fui na direção dos dois e acredito que ele tenha percebido que eu pretendia bater nele. Ele correu e ela ficou no chão chorando de dor. Foi assim que a conheci, foi assim que eu ganhei minha melhor amiga. Agora ela está aqui, do meu lado, com a cabeça do lado de fora da janela.

Cheguei ao lago, do outro lado da cidade. Sentei na margem, lancei a vara e enfiei o cabo da vara de pescar, no chão. O carro estava próximo, fui pegar meu rádio e sentado, ouvi muitas músicas. Dias como esses, calmos, nos fazem lembrar o passado.

Sempre me senti na solidão, mas eu aprendi que na verdade tem como estar só e não se sentir solitário. Bem, eu não estou sozinho estou com “Nina, a companheira”, mas existem momentos na vida que a solidão gruda e não solta. Ela prevalece até quando estamos acompanhados.

Eu não peguei peixe nenhum, mas me diverti muito com minha Nina, sinto pena dos insetos que passam perto dela, é minha amiga e é também uma assassina de insetos, trágico. Às duas da tarde voltamos para casa. Assisti uma série nova e de noite quando fui fechar ás janelas do meu quarto, pensei antes de dormir no quanto no meu dia foi suave e no quanto essa suavidade me cai bem.

Autor: Hércules Andrade 

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